O HPV (papiloma vírus humano) é responsável pela doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente do planeta, que se manifesta através de verrugas nos genitais e outras áreas do corpo e está relacionado com doenças pré-cancerígenas.
Ele pertence a uma ampla família de vírus diferentes que podem infectar a pele dos órgãos genitais.
Quase todos os tipos foram muito bem estudados e hoje sabemos que o grupo de HPV que causa lesão pré-cancerígena ou cancerígena (chamado grupo de alto risco oncogênico) não é o mesmo que geralmente causa as verrugas genitais (chamado de grupo de baixo risco oncogênico).
Em 90-95% dos casos, as verrugas genitais são causadas por HPV do grupo de baixo risco.
Sabemos que os homens contribuem para a infecção nas mulheres e estima-se que mais de 70% dos parceiros de mulheres com infecção cervical por HPV são portadores do DNA desse vírus.
Ocorre em aproximadamente 75% da população sexualmente ativa exposta ao vírus.
Os países do Mercosul, incluindo o Brasil, não publicam seus dados estatísticos sobre DST, mas sabemos que as maiores prevalências pelo mundo são observadas na África, México e América Central.
O Ministério da Saúde no Brasil registra a cada ano 137 mil novos casos de infecção por HPV.
Sintomas
A maior parte das infecções por HPV se manifesta de uma forma benigna e geralmente subclínica.
Pode ainda se manifestar clinicamente como lesões tipo “couve-flor” em qualquer sítio do genital masculino e região perianal, podendo ocorrer ainda na boca, sendo imprescindível a avaliação de todos os locais quando se avalia um paciente suspeito de infecção.
Diagnóstico
Avaliação do paciente: incluindo informações sobre o número de parceiros sexuais, tipos de práticas sexuais e a presença de DSTs no passado.
Um exame físico detalhado dos genitais, região perianal e boca e a inspeção com ácido acético é utilizada para auxiliar na detecção das lesões, além de ser útil na sua triagem.
Quando encontrado no meato uretral torna-se imperativa a avaliação de toda a uretra através de uma uretroscopia.
De modo geral não existem medicamentos por via oral capazes de eliminar infecções por vírus.
A maioria das medicações contra qualquer tipo de vírus atua na redução da carga viral e/ou estimulando o sistema imunológico a ficar mais forte e assim conseguir eliminar o vírus.
No caso da infecção pelo HPV, até o momento não há tratamento para infecção latente (aquela que fica adormecida).
Na maioria dos casos o próprio organismo se encarrega de eliminar o vírus.
As verrugas também precisam ser tratadas, pois o atraso no tratamento das verrugas genitais pode tornar as lesões mais extensas e potencialmente mais graves, além do risco de transmissão do vírus para os parceiros.
Até recentemente a remoção das verrugas genitais era realizada basicamente pela destruição do tecido afetado por meio de cauterização química ou cirúrgica.
Essa destruição das lesões parece não apenas diminuir a quantidade de vírus, como também estimular o sistema imunológico e fazer com que ele produza células que irão combater e eliminá-lo.
No entanto, cada indivíduo responde de maneira diferente ao tratamento.
Alguns podem precisar de uma sessão de terapia, outros de várias sessões e outros não respondem ao tratamento convencional.
Neste último caso é necessário utilizar ou associar a imunoterapia através de pomadas específicas para tratamento adequado.
É um tratamento que ativa o sistema imune de maneira bem mais específica contra o HPV, que está infectando o organismo.
Existe no mercado um creme imunomodulador de aplicação tópica que contém a substância imiquimode. As taxas de recorrência das verrugas após aplicação desse creme são bem baixas.
Enquanto os demais procedimentos destroem a verruga, o imunomodulador aumenta a produção local de substâncias próprias do sistema imunológico, as quais auxiliam no combate às doenças virais, determinando o desaparecimento completo das verrugas além de prevenir seu reaparecimento.
Esse creme pode ser aplicado pelo próprio paciente e é indolor.
Vacina
A vacina de HPV tem como objetivo evitar a infecção.
A vacina aprovada no Brasil é indicada para meninas, mulheres jovens e meninos, entre 9 e 26 anos de idade e é administrada em três doses, sendo a segunda com intervalo de dois meses após a primeira dose e a terceira com intervalo de seis meses após a primeira dose.
A aplicação é intramuscular e pode ser feita no braço ou coxa.
Já em alguns outros países, a vacina é administrada em homens e mulheres até 45 anos ou mais.
Desde janeiro de 2017, na rede pública, meninos de 12 a 13 anos também poderão receber a vacina.
A faixa etária será ampliada gradualmente até 2020, quando a vacina estará disponível para meninos de 9 a 13 anos.
O esquema vacinal consiste em duas doses, com intervalo de seis meses.
A vacinação também será estendida a homens que vivem com HIV entre 9 e 26 anos.
Antes, só as mulheres com HIV dessa faixa etária podiam se vacinar gratuitamente.
No caso desse público, o esquema vacinal é de três doses.
Como as vacinas disponíveis têm caráter profilático, é necessária a adoção de políticas de saúde pública para alertar a população evitando assim o primeiro contágio, seja por meio da prática de sexo seguro, de cuidados higiênicos e de medidas preventivas, como a criação de programas de circuncisão neonatais e a orientação pela busca por cuidados urológicos nas suspeitas de infecção por DSTs.